Nem sempre





tem uma serenidade que vem junto com o pôr do sol
quando o calor aquece suavemente a bochecha 
e toca as mãos
como se as segurassem com cuidado

mas nem sempre

tem uma alegria quando o vento bate macio
e junto traz um cheiro gostoso de café sendo coado na hora
e é como se o mundo parasse
pra que você se lembre  de sentar
ser só você 
sua melhor companhia
e duas xícaras

mas nem sempre

tem um amor quando o dia já foi demais e a chuva demais
e as vozes altas demais
e  alguém te oferece um lugar no ônibus
um obrigado 
ou uma história aleatória
que te faz pensar menos no próximo dia e mais 
no próximo momento bom

mas nem sempre

tem um livro na prateleira de cima do quarto 
que quase é lido há um ano e meio
mas nem sempre
é o melhor momento

e todos os dias que o despertador toca 
por um segundo depois do desânimo de precisar levantar tão cedo
um filme de boas perspectivas se abre na janela da mente
e você sabe que hoje tem tudo pra ser tudo de bom

mas nem sempre o pôr do sol aconteceu em um horário que podia ver
ou podia
e tudo que aparecia no céu era o nublado
e o café ficou pronto no momento que não podia ter uma pausa
e quando pôde
ele já tava tão frio e o dia frio e tudo frio
que o passageiro do seu lado não soube ser educado
já que o frio tava demais pra ele também

eu sei que a felicidade abraça a gente de um jeito tão bom que quase não dá pra querer soltar
mas nem sempre
porque a gente abraça com muita alegria
mas abraça mesmo com tanta alegria é quanto sente saudade

e tudo bem nem sempre ser
pra quando for ser bem da intensidade que é

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